Por @PriscilaMortensen
O leite é um alimento altamente específico, que a mãe produz para nutrir seu bebê, de acordo com as necessidades daquele organismo. O homem é o único animal que toma leite de outra espécie, e além da fase de lactente. Mas o leite de vaca é inadequado para humanos, porque foi feito para um animal de estrutura muito maior. O bezerro nasce com 35 kg e engorda 250 kg em 6 meses, enquanto o bebê humano nasce com 3-4 kg e engorda 7 kg em 1 ano.
Tem muito sódio, que causa retenção de líquidos e edema. Muito fósforo, que compete com o cálcio e o desloca. Muita proteína, que acidifica o pH e sobrecarrega os rins, sendo que 80% dessa proteína é a caseína, enquanto no leite materno é só 20%. A caseína é um poderoso alérgeno, desencadeando alergia e fazendo o corpo produzir anticorpos para se defender, além de agir como uma cola, aumentando a produção de muco, que é meio de cultura para micro-organismos, e causando inflamação e infecções de repetição.
Tem 3 vezes mais cálcio do que o leite materno, porém tem pouco magnésio, e para o cálcio ser absorvido e fixado ao osso, são necessários o magnésio e a vitamina D. A relação entre cálcio:magnésio ideal é 2:1, mas no leite de vaca é 10:1. Então só absorvemos 11% do cálcio, e o restante é depositado na parede das artérias, causando obstruções e contribuindo para o infarto do miocárdio. Não precisamos do cálcio do leite, pois temos fontes melhores, como os vegetais verde-escuros, tofu, semente de linhaça, chia, grão de bico, leguminosas, amêndoas, aveia.
Como as proteínas do leite acidificam o pH, o organismo precisa equilibrá-lo. E faz isso usando sua reserva de minerais alcalinos, principalmente o cálcio, retirando-o do esqueleto. Por essa razão, o leite de vaca, além de fornecer pouco cálcio biodisponível, causa desmineralização óssea; em vez de dar, rouba cálcio. Isso explica porque os países que mais consomem laticínios têm as maiores taxas de osteoporose e fraturas ósseas, enquanto os países que menos consomem têm os menores índices.
A lactose, açúcar do leite, é quebrada pela enzima lactase, formando glicose e galactose. O bebê produz a enzima para poder receber o leite materno, porém deixa de fabricá-la aos 4 anos. Aí a lactose chega inalterada ao intestino grosso, sendo fermentada por bactérias, causando diarreia, cólicas, distensão abdominal e flatulência. A maioria das pessoas sentem-se mal, quando ingerem laticínios, pela intolerância à lactose.
O leite tem 59 hormônios ativos, alérgenos, gordura saturada, herbicidas, pesticidas, antibióticos, sangue, pus, fezes, bactérias. Seu consumo na infância carimba o passaporte das crianças para várias enfermidades. Que o digam as alergias, asma, rinite, dermatite, amigdalite, bronquite, otite, sinusite. É um dos maiores responsáveis por todas as doenças crônicas, e está associado ao câncer, diabetes e outras patologias.
Dos 59 hormônios presentes no leite, um é o IGF1, Fator de Crescimento Semelhante à Insulina, que tem a finalidade de fazer o bezerro crescer. Em humanos, aumenta o número de células tumorais, fazendo proliferar o câncer. Por isso, diz-se que o leite é combustível para tumores, e a medicina já considera o IGF1 fator-chave no desenvolvimento do câncer de mama, próstata e cólon. Quem ingere produtos lácteos diariamente tem esse hormônio aumentado em 10-30%. A Universidade de Harvard restringiu os laticínios na sua mais recente pirâmide alimentar, pela sua associação com o câncer de ovário e próstata.
Porém o principal motivo para abolir os laticínios é a crueldade da sua indústria, que comete os crimes de estupro, escravidão, sequestro de menor, cárcere privado, infanticídio e assassinato. A vaca é inseminada sucessivamente para produzir leite, tendo os filhos roubados assim que nascem, com muito sofrimento para os dois. Os machos serão mortos aos 3 meses pela indústria da vitela, as fêmeas serão exploradas como a mãe. E quando suas mamas secam, após uma vida de exploração, sua recompensa é ir para o matadouro, tão espoliada que mal se aguenta em pé. Então vamos preferir os leites vegetais, e deixar o leite de vaca para o seu verdadeiro dono. Pois o único leite que um mamífero precisa é o de sua mãe, na fase de lactente.
Dr. Sidney Federmann – Título de Especialista em Cirurgia Pediátrica. Pós-graduação em Nutrologia