No Brasil, cerca de 47 mil crianças e adolescentes vivem nos abrigos. Dentro deste número, cerca de 10.000 se encontram aptos à adoção.
Foto de capa: Divulgação
Fotos do texto: Arquivo pessoal – Maria Angélica
Hoje é uma data importante que muitas das vezes é desconhecida por grande parte da população. Trata-se do Dia Nacional da Adoção, instituída pela Lei 10.447 de maio de 2002, destinada a dar visibilidade às crianças e adolescentes que esperam por uma família.
Para fazer com que este assunto se torne mais conhecido e também ajudar as crianças e adolescentes, bem como os casais que desejam adotar, existem diversos GAAs – Grupos de Apoio à Adoção – espalhados pelo Brasil, que fazem encontros semanais, quinzenais ou mensais para trabalharem o assunto. E, anualmente ocorre o ENAPA – Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção, além dos encontros regionais.
Há muitas pessoas que realizam trabalhos acerca deste tema, entre elas, a psicóloga Maria Angélica Amarante dos Anjos, de São Bernardo do Campo, que se tornou mãe pelas vias da adoção em 2014, aos 56 anos, após a chegada do filho Jonas, na época com oito anos e meio de idade.
A partir do processo de adoção, Maria Angélica percebeu o quanto este tema necessitava de apoio em nossa sociedade. E foi justamente pensando em como poderia ajudar esta causa, que a psicóloga, um ano após a chegada do filho, criou uma página no Facebook chamada “Anjos da Guarda – Serviços de Apoio à Adoção”, que atualmente conta com mais de 3.000 seguidores. Por meio desta página, além de notícias e informações sobre o universo adotivo e textos para reflexão, Angélica responde dúvidas dos adotantes de todo o Brasil.
O trabalho da psicóloga no campo da adoção é tão intenso que em 2018, ela participou do Edital ProAc – um programa de incentivo promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Angélica se inscreveu na categoria Prosa, onde enviou uma coleção de textos autorais. Como resultado, foi uma das sete premiadas entre os 158 participantes. E, com isso, em junho do ano passado, lançou o livro “Fui Adotada aos 56 anos – uma história real de adoção tardia”, onde relata as experiências da maternidade pelas lindas vias da adoção. Após o lançamento, Angélica vem realizando palestras e trabalhando na produção de mais livros.
Para ela, celebrar o dia Nacional da Adoção, é muito importante, pois é um marco para o universo da adoção no Brasil, além de uma oportunidade para dar mais visibilidade ao tema. “Dia 25 de maio de 1996 ocorreu o primeiro Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio à Adoção (ENAPA) na cidade de Rio Claro/SP. Todo ano ocorre o ENAPA, assim como encontros dos grupos em cada Estado e/ou região”, explica a psicóloga, que afirma que neste ano, por conta da pandemia da Covid-19, o ENAPA será virtual e acontecerá de 23 a 25 de maio.
Sobre os GAAs – Grupos de Apoio a Adoção, Angélica revela que eles se multiplicaram com o passar dos anos. Como resultado, atualmente temos cerca de quase 200 grupos. “O trabalho realizado por estes grupos é de grande importância, pois os adotantes são preparados para a realidade da adoção e recebem o acolhimento de que necessitam. Além disso, muitas mudanças nos processos de adoção são realizadas graças ao incessante trabalho de base desses grupos”, explica a psicóloga.
Embora o número de crianças que estão nos abrigos à espera de um lar chegue a 47 mil, Angélica explica que somente cerca de 10 mil estão cadastrados para adoção, pois o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente determina a reinserção da criança em sua família de origem . “São várias etapas a serem cumpridas para garantir o direito da criança de retornar à sua família. Somente esgotadas as tentativas de reinserção, é que ocorre o processo de destituição familiar, quando então a criança ou adolescente pode ser encaminhada a uma família substituta, isto é, serem adotados. A necessidade de uma maior celeridade destas etapas é motivo de ampla discussão”, relata.
De acordo com Angélica, outro fator que implica no aumento no número de crianças e adolescentes abrigados, é o fato de que a maioria dos casais adotantes traça um perfil do filho que desejam, geralmente: bebê até seis meses, menina, branca, saudável e sem irmãos, o que segundo a psicóloga, é totalmente inverso a realidade que temos. “O trabalho dos grupos de apoio é fundamental para que os adotantes possam ter uma mudança de perspectiva, ampliando de forma consciente o perfil desejado”, ressalta.
Sobre as etapas para adotar uma criança ou adolescente, Angélica informa que ocorrem da seguinte forma: “Em primeiro lugar, deve-se dirigir ao Fórum de sua cidade ou comarca, na Vara da Infância, e expressar o seu desejo de adotar. O pretendente receberá uma relação de documentos que deve apresentar, assim como as reuniões que são obrigatórias. Geralmente os documentos são: comprovante de residência, comprovante de rendimento, requerimento para ingressar no Sistema de Adoção, atestado de saúde. Geralmente o Juiz faz um curso periodicamente para os candidatos. Em muitas comarcas o candidato também deve frequentar um grupo de apoio à adoção e fazer uma visita assistida num abrigo. Após esta etapa, haverá entrevista com o psicólogo e o assistente social da Vara da Infância. Depois, o juiz julgará a entrada do adotante no Sistema de Adoção”.
Sobre a importância de adotar uma criança ou adolescente, a psicóloga afirma que é preciso abrir o coração para o amor. “Não importa o modo como os filhos chegam aos nossos braços. Filhos são filhos, e precisam de amor, cuidados e orientações. Toda criança e adolescente merece uma família para receber os nutrientes necessários para a sua vida. Não é preciso gestar para ser mãe ou pai”, finaliza.
Conheça o trabalho de Angélica!
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Fotos da Angélica e família:
Maria Angélica
Família Anjos
Capa do livro