Além de causar acidentes com ciclistas pela quantidade de caminhões que trafegam e fazem manobras, vai interferir na atividade econômica da cidade, prejudicar a logística, restringir empregos e geração de renda
O Plano de Mobilidade Urbana que começou em 2021, e que prevê um total de 100 km de ciclofaixa na cidade em até 10 anos, chegou na Avenida Casa Grande que terá 3.800m., vem preocupando moradores e empresários da indústria local. Isso porque a ciclofaixa que começou a ser instalada, segundo os industriais da região, vai trazer transtornos e pode até causar acidentes com os próprios ciclistas. “Com relação a ciclofaixa que está em obra na Avenida Casa Grande na altura do número, 769. O que nós queremos, é simples, precisa de um recuo em alguns pontos para manobrar os caminhões, porque que será complicado para todos e pode acontecer até um acidente com ciclistas, já que os caminhões terão que passar em cima da faixa a todo momento”, alerta o empresário Max Steinhart da empresa União Química Paulista
Steinhart diz ainda que em conversa com outros colegas próximos da sua empresa também revelaram a preocupação e que entraram em contato com a prefeitura há um mês expondo a situação, porém não houve retorno dos responsáveis. “Tem uma empresa de água do nosso lado que também vai ter dificuldades de manobrar os caminhões, do outro lado da avenida tem um galpão que eles alugam, pra estoques, também vão ter dificuldades, e tem uma outra empresa do nosso. No nosso caso, pedimos há um mês para eles – prefeitura – conversarem conosco, para ver essa questão, queremos ajudar, é uma questão de segurança, mas ninguém retornou nada”.
Para um outro empresário que não quis se identificar, uma avenida que já tem um trânsito congestionado, pesado, e que tem uma grande quantidade de indústria que liga a Avenida Casa Grande com a Imigrantes e São Bernardo do Campo, uma das principais saídas da cidade, ficar com menos pista ainda, mais estreia, vai atrapalhar a atividade econômica, pode reduzir empregos e geração de renda.“A avenida tem oito metros de largura e vão tirar um metro e meio de cada lado para instalar a ciclofaixa. A pista vai ficar menor, mais estreita e depois eles ainda vão fazer um corredor de ônibus numa pista, em uma avenida que já é estreita. Para os caminhões fazerem uma manobra vai ficar quase que inviável”.
Próximo a empresa Gota de Cristal, a prefeitura vai fazer uma faixa pintada no chão, não tem meio-fio, não tem ilha. Os empresários querem entender porque em partes da ciclofaixa pode ser de um jeito e outra parte não. Um exemplo é que em alguns trechos, em algumas empresas, fizeram o corte das ilhas, sendo possível para uns e outros não. “Não entendo porque com um é possível, outro não. E nós estamos pedindo somente que faça um recuo, não seria um retorno, seria um recuo para podermos manobrar com segurança, se não tiver esse recuo vai ser um perigo para quem usa a ciclofaixa. E ficou uma situação que não entendemos, eles não estão muito interessados em pensar sobre essas questões importantes de segurança, buscar alternativas para o entorno e as empresas, tanto que nem entraram em contato para dar uma satisfação”, cobra o empresário Max Steinhart.
Em apoio aos empresários e a indústria, o Ciesp entrou em contato e conversou com os responsáveis da pasta de Desenvolvimento Econômico do município, porque estão preocupados com a situação e aguardam uma resposta para atender a necessidade da atividade econômica na cidade. “O Ciesp Diadema está preocupado com esta situação que vai prejudicar a atividade econômica, prejudicar a logística das indústrias. Isso certamente vai restringir a geração de empregos, geração de renda, investimento. Porque acaba sendo uma região que não é amigável para o desenvolvimento industrial. Afinal a cidade precisa de renda, a população precisa de emprego”, pontua Anuar Dequech Júnior, diretor titular do Ciesp Diadema.
Ciclista
Morador de Diadema, o ciclista e empresário, Jean Patrício, que pedala há quatro anos, sabe o quanto é importante a ciclofaixa, mas adverte que em alguns casos que a ciclofaixa não tem proteção entre carros e bicicletas, não adianta e não atinge o objetivo, que é a segurança dos ciclistas. Sobre as ciclofaixas que estão sendo instaladas em Diadema, Patrício disse que não conhece muito por não andar na cidade, mas conhece a da Ulysses Guimarães e diz ser muito insegura por ser fácil a invasão de carros e motos, e reforça a instalação de proteção entre às bicicletas e carros. “Se a ciclofaixa for protegida contra a invasão dos carros – e não com aquelas tartarugas que colocam -, não gera acidente entre carros e bicicletas. O maior problema de acidentes com bicicleta está na educação, tanto do motorista, quanto do ciclista. Vejo muitos ciclistas andando na contramão, tem a ciclovia/ciclofaixa e não usa, prefere utilizar a faixa da direita, o que é o correto, desde que a via não tenha ciclofaixa. Motoristas que não respeitam ciclistas por pura ignorância, preferem acelerar o carro para não dar passagem e ganhar 5 segundos no caminho dele. A única ciclofaixa que eu conheço e já pedalei é a da Ulysses Guimarães. E acho muito insegura, devido à fácil invasão de carros e principalmente de motoqueiros que usam para furar o trânsito”.
Resposta da Prefeitura de Diadema
A Secretaria de Mobilidade e Transporte, informa que a Administração vai reformular por completo a Avenida Casa Grande, com instalação de via preferencial para o transporte coletivo, calçadas acessíveis e uma ciclovia, fazendo com que uma das vias mais importantes da cidade tenha padrão internacional de qualidade de mobilidade urbana.
O Plano de Mobilidade Urbana de Diadema, aprovado no fim de 2021 após amplo debate com a sociedade civil, prevê a adoção de medidas que valorizem o transporte coletivo e o transporte não poluente, por entender que Diadema, uma das cidades de maior adensamento populacional do Brasil, tem capacidade restrita de construção de novos viários para transporte automotivo individual.
Dentro dessa premissa, a Avenida Casa Grande terá o conceito defendido pelos maiores especialistas em mobilidade urbana do mundo com o objetivo de assegurar, harmonicamente, a relação entre veículos individuais, transporte coletivo e ciclistas, garantindo a segurança de todos.
Durante a confecção do Plano de Mobilidade Urbana, a Secretaria de Mobilidade e Transportes se colocou à disposição para coletar sugestões da sociedade civil sobre as mudanças de conceito que seriam implementadas. O diálogo foi estabelecido com diversas empresas por onde havia projeção de instalação de ciclovia ou ciclofaixa, a exemplo da Avenida Ulysses Guimarães e Avenida Paranapanema.
O projeto da ciclovia da Avenida Casa Grande, reforçamos, está dentro das medidas internacionais de padrão viário, com segurança para os usuários. Diadema tem 15 km de ciclovias e o Plano de Mobilidade Urbana prevê a construção de 100 km de ciclovias e ciclofaixas pelos próximos 10 anos.
Também cabe ressaltar que o município segue investindo em renovação da frota municipal e recapeamento asfáltico de dezenas de ruas da cidade, seguindo as diretrizes do Plano de Mobilidade Urbana de fazer de Diadema um território que respeita, valoriza e investe em todos os agentes da mobilidade urbana