Esqueça tudo que você sabe ou ouviu falar sobre João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha. Longe de ser um criminoso que seduzia mulheres e desdenhava do sistema e da elite, ele era um psicopata capaz de cometer as mais terríveis crueldades com suas vítimas indefesas, sob a mira de sua lanterna e um revólver calibre 38. Nesse relato fascinante e nada glamoroso, fruto da consulta de quase 23 mil páginas dos 88 processos que correram contra João Acácio e o levaram a 351 anos de prisão, três dezenas de entrevistas e consultas a laudos psiquiátricos, “Famigerado! – A história de Luz Vermelha, o bandido que aterrorizou São Paulo na década de 1960”, de Gonçalo Junior, apresenta o relato definitivo sobre um dos mais famosos criminosos da crônica policial brasileira de todos os tempos.
Gonçalo explica que é difícil precisar o número de crimes cometidos por João Acácio, desde a violenta infância, vivida nas ruas de Joinville (SC), até sua prisão, no começo da noite do dia 7 de agosto de 1967, em Curitiba. Certeza mesmo, só que ele assaltou mais de uma centena e meia de mansões na capital paulista, entre março de 1966 e agosto do ano seguinte. Como deu a entender seu advogado de defesa, Roberto Von Haydin, em depoimento para o livro, João Acácio praticou crimes graves que ficaram de fora das investigações da polícia por motivos que ele não quis revelar. Provavelmente, assassinatos e estupros.
“Nada na história a seguir foi forjado, inventado, criado, imaginado ou romanceado”, diz o autor. “Tudo nesta biografia segue com o máximo de fidelidade dos processos que correram contra João Acácio no Fórum Criminal de São Paulo, entre 1967 e 1975, além das reportagens, artigos e editoriais publicados em jornais e revistas ao longo de 35 anos, entre 1963 e 1998”. Ele também entrevistou algumas pessoas que, de modos diferentes, tiveram contato direto com o assaltante na época em que ele cometeu seus crimes ou estava na prisão.
Um dos destaques da obra é a entrevista que o autor fez com a bióloga Ingrid Yazbek Assad, que levou um tiro a um centímetro do coração, dado por João Acácio quando tentava estuprá-la. Ela reagiu e sobreviveu por milagre. Depois de cinco anos de negativas, ela resolveu quebrar o silêncio de 49 anos e contar o que aconteceu naquela trágica madrugada. É um relato tão assustador que acabou por abrir o livro. “Não restam dúvidas que ele foi um psicopata, adorava subjugar suas vítimas e tinha enorme satisfação em fazer isso”, afirma Gonçalo.
Famigerado! é o relato impressionante e revelador de uma das mentes mais assustadoras e cruéis da história criminal brasileira. Um relato que vai deixar o leitor atordoado.
Do prefácio de Gil Gomes
Gonçalo Junior dedicou-se a um relato minucioso dos crimes de João Acácio. As barbaridades se sucedem: roubos, agressões, estupros, facadas, tiros. Ele era um Jekyll & Hide, simpático e alegre num instante, sádico e violento no seguinte. Qualquer resquício de simpatia que um leitor possa ter pela figura de um bandido lendário desaparece ao ler a descrição dos delitos.
Da apresentação de André Barcinski
A fúria e a violência do Bandido da Luz Vermelha mataram todo o romantismo que havia em São Paulo até aquela época. Depois dele, a cidade nunca mais foi a mesma.
Ieda Falzoni, 86 anos, moradora do Jardim América, em agosto de 2013
Senhores telespectadores, estamos diante do Monstro da Luz Vermelha! É este o homem que estava aterrorizando São Paulo. Vamos, meu amigo, erga a cabeça. Você precisa ter coragem de enfrentar esta cidade que você mesmo amedrontou.
Repórter da TV Tupi, na noite de 9 de agosto de 1967
Ele trouxe desassossego à cidade que mais cresce no mundo; atemorizou nossa população; principalmente moradores de bairros grã-finos, implantou o terror. Procurou tornar-se um Deus: o Deus do mal. Atraiu atenção do país inteiro.
O Estado de S. Paulo, 12 de agosto de 1967
SOBRE O AUTOR:
Gonçalo Junior é jornalista. Trabalhou nos jornais Gazeta Mercantil e Diário de S. Paulo. Foi editor das revistas Personnalité (Trip) e Brasileiros. Colaborou em Playboy, Trip, Entrelivros, Bravo!, MAG, Nossa História e no jornal Folha de S. Paulo. É autor dos livros: E Benício criou a Mulher e O Homem-Abril (Opera Graphica); A Guerra dos Gibis (Companhia das Letras); Enciclopédia dos Monstros (Ediouro); Alceu Penna e as Garotas do Brasil (Manole); Maria Erótica e A Morte do Grilo (Peixe Grande); Quem Samba tem Alegria (Civilização Brasileira); É uma Pena não Viver (Planeta); Eu Não Sou Lixo, Subversão Pelo Prazer, Pra que Mentir?, Visionário dos Quadrinhos e O Deus da Sacanagem (Noir).