A presidente afastada Dilma Rousseff visitou na manhã desta quinta-feira (9) o campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem), onde está instalado o Polo II de Alta Tecnologia, em Campinas (SP). Esta foi a primeira viagem da presidente afastada desde a última sexta-feira (3), quando a Casa Civil informou que restringiria ao trecho Brasília-Porto Alegre-Brasília os deslocamentos da presidente afastada com aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Ela veio conhecer as obras do novo acelerador de partículas do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), o maior projeto da história da ciência brasileira, com custo aproximado de R$ 1,3 bilhão.
A visita durou cerca de 50 minutos. Assim que chegou, a presidente afastada foi cumprimentada por funcionários do Cnpem. Alguns, entregaram rosas vermelhas e bilhetes de apoio.
Foi o caso dos amigos Gabriela Campeão e Felipe Oliveira, que trabalham nas áreas administrativa e recursos humanos do centro de pesquisa.
“Foi uma iniciativa dos funcionários. A gente queria prestar nosso apoio contra o golpe que ela sofreu. O investimento no Sirius é grande e sempre há um temor entre os pesquisadores de que a obra possa parar”, acredita Felipe.
“O governo Dilma investiu muito aqui. Esse é um projeto que dará visibilidade para a ciência brasileira e é importante a gente demonstrar apoio nesse momento difícil”, contou Gabriela.
O professor Antônio José Roque da Silva, diretor do LNLS, disse que a visita da presidente afastada não foi um ato político, mas casual.
“Ela tinha um compromisso na cidade e veio conhecer as obras porque não conseguiu vir no lançamento da pedra fundamental, em 2014”, contou o professor.
Silva não quis comentar sobre a fusão dos ministérios e disse confiar que os recursos para a conclusão da obra serão liberados. Segundo ele, um terço do orçamento da obra foi empenhado, mas há confiança de que o novo governo manterá o projeto dada a magnitude e importância do investimento.
“Os recursos estão previstos no orçamento e um terço já foi empenhado. Acho que não teremos problemas por ser uma obra de grande importância”, acredita.
Apoio
Do lado de fora do Cnpem, cerca de 100 militantes carregavam faixas de apoio à Dilma e bandeiras vermelhas. Alguns, demonstravam o descontentamento com a fusão do Ministério da Ciência e Tecnologia com o da Comunicação empunhando cartazes com a hashtag #voltamcti.Voo fretado
Dilma chegou a Campinas em um avião fretado pelo Partido dos Trabalhadores. Esta foi a primeira viagem da presidente afastada desde a última sexta-feira (3), quando a Casa Civil informou que restringiria ao trecho Brasília-Porto Alegre-Brasília os deslocamentos da presidente afastada Dilma Rousseff com aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Almoço com intelectuais
Após a visita ao Sirius, a presidente afastada seguiu para a casa do físico Rogério Cezar Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp, para um almoço com intelectuais.
Do lado de fora do condomínio Alto das Palmeiras, manifestantes pró e contra Dilma dividiam espaço na rua. Para evitar confronto, policiais militares fizeram um cordão de isolamento entre os grupos.
Conheça o Sirius
Batizado como Sirius, nome da estrela mais brilhante no céu, o projeto impressiona pelo tamanho. Em uma área de 68 mil m², o superlaboratório é um anel de mais de 500 metros de circunferência, instalado num prédio de 250 metros de diâmetro – do tamanho de um estádio de futebol.
O Sirius irá abrigar um acelerador de partículas, que emitirá uma fonte de luz de alto brilho, a luz síncrotron, que funcionará como uma espécie de mega aparelho de raios X e permitirá analisar em escala nanométrica qualquer material.
A luz é gerada pela aceleração de elétrons, que viajam dentro de um anel a uma velocidade muito próxima da velocidade da luz, que é de aproximadamente 300 mil km/s. A diferença do Grande Colisor de Hádrons (LHC) na Europa e de outros colisores de partículas é que os elétrons, neste caso, não se chocam uns contra os outros em nenhum momento; viajam todos na mesma direção.
Fonte: G1