Comerciantes, motoristas e pedestres que passam pelas ruas do Centro já não estranham os diversos pontos nas calçadas que servem de moradia provisória para grupos que carregam, de um lado para o outro, seus poucos pertences e se alojam pedindo esmolas.
Na altura do número 140 da rua Sebastião Pereira, bairro Santa Cecília, as calçadas são tomadas por moradores de rua já no primeiro horário da manhã. Além da ocupação, as calçadas são tomadas por materiais carregados por eles e pelo lixo acumulado, provocando mau cheiro e incomodando quem passa pelo endereço. Mas esse é um cenário bastante comum nessa região, já que a rua está próxima ao Largo do Arouche, que abriga dezenas de pessoas debaixo do elevado todas as noites e manhãs.
Juliano Leonardo Santos da Silva tem comércio no local e relata que a situação só piorou depois da ação realizada na Cracolândia pela Prefeitura. “Infelizmente a Prefeitura tomou providências para combater um problema e o resultado não foi tão eficaz, já que o pessoal que vivia por lá se dispersou e começou a habitar outros pontos da cidade. Aqui na Santa Cecília foi um dos pontos que eles vieram. São muitos moradores de diferentes idades nas calçadas e a situação fica ainda pior porque eles carregam entulhos coletados nas ruas e acabam descartando aqui o que não serve pra eles”, contou o comerciante.
Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) declarou que conta com 82 Centros de Acolhida, 17 CTAs e 5 unidades de Atendimento Diário Emergencial (ATENDE) que, juntos, disponibilizam cerca de 14 mil vagas de acolhimento.
O censo de 2015 apontou 15.905 pessoas identificadas como moradores de rua na cidade de São Paulo. Com uma taxa média anual de crescimento de 4, 1% a.a. entre 2000 e 2015 e mantidas as condições desse período, a população estaria hoje, próxima a 17.000 pessoas.
Atualmente, os serviços oferecidos pela prefeitura oferecem encaminhamento para conferência de documentos pessoais, orientação em problemas judiciais, capacitação profissional, acesso à saúde, rede de estímulo à geração de renda, e atividades de lazer e cultura, visando a reinserção social destas pessoas. Vale lembrar que também há o Programa Trabalho Novo, que já inseriu 2000 pessoas em situação de rua no mercado de trabalho.
CTAS
Os Centros Temporários de Acolhimento (CTA), novas modalidades de acolhimento para pessoas em situação de rua, oferecem pernoite, alimentação, banho e higiene pessoal. Desde 2017 foram inauguradas 17 unidades, que juntas oferecem mais de 4.000 vagas para acolhimento. Além disso, nove deles contam com canis, são cerca de 200 espaços disponíveis em baias nas unidades Brás, Aricanduva, Prates I, Butantã, Família, Brigadeiro Galvão, Santo Amaro, Lapa e Santana.