Publicado por @PriscilaMortensen
Ninguém sabe a exata extensão dos efeitos econômicos da pandemia, mas as projeções não são nem um pouco otimistas. O mais prudente a fazer neste momento é colocar tudo no papel, vasculhar receitas e despesas e se reorganizar financeiramente. Dois professores do Centro Paula Souza (CPS) mostram como fazer isso para tentar passar pela crise da melhor maneira possível.
Para começar, os especialistas dizem que não é necessário nada mais sofisticado que papel e caneta, embora seja possível usar uma série de aplicativos e softwares. O coordenador do curso de Gestão Empresarial da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Bragança Paulista, Vagner Tavares, explica que a organização financeira se divide em quatro passos: orçamento, objetivos, planejamento e controle. “Primeiro, você analisa e registra quanto ganha e quanto gasta. Depois, estabelece objetivos financeiros e planeja como vai alcançar isso. Por fim, você controla suas finanças ao longo do tempo para ter certeza de que está cumprindo o que estabeleceu. Muitas pessoas planejam, mas não controlam”, afirma.
A primeira coisa a fazer é registrar receitas e despesas e detalhar gastos fixos (como aluguel e convênio médico, por exemplo) e variáveis (gasolina, cartão de crédito, entre outros). É importante notar que algumas despesas vão diminuir agora, como combustível e lazer. Por outro lado, as contas de energia elétrica e água devem aumentar, já que as pessoas estão passando mais tempo em casa.
Com esse diagnóstico em mãos, comece a trabalhar. “Dá para cortar a TV a cabo, por exemplo, e transformar o telefone em pré-pago?”, indaga Tavares. “Eu não cortaria internet agora porque é um item necessário neste momento.”
Se este corte não for suficiente, uma sugestão para quem vive em apartamentos ou condomínios de casas é conversar com a administração e verificar se é possível não cobrar o fundo de reservas e as melhorias. Outra possibilidade, para quem paga aluguel, é negociar com o proprietário a redução do valor pago mensalmente e diluir a dívida em outros meses, mais adiante.
A coordenadora de projetos do eixo tecnológico de Gestão e Negócios do CPS, Ariane Serafim, tem outra dica para reduzir as despesas. Ela ressalta que, embora isso vá elevar a conta do supermercado, em geral, cozinhar para a família é mais vantajoso que comprar comida pronta. “Só é preciso estar atento aos preços de alguns produtos, que estão subindo”, alerta. Vale, portanto, escolher produtos de época, que são mais baratos, e fazer substituições para fugir da alta de preços.
Armadilhas
Tavares alerta para alguns perigos desses momentos de aperto financeiro. “Pagar o valor mínimo do cartão de crédito ou entrar no cheque especial são atitudes muito arriscadas porque os juros são altíssimos”, diz. “É preciso calcular se não vale a pena tomar um empréstimo para cobrir a dívida e pagar juros menores em vez de usar essas alternativas.”
Outra possibilidade é resgatar uma aplicação de curto prazo. “Existe o mito de que em dinheiro aplicado não se mexe de jeito nenhum”, lembra o coordenador. “Mas se a aplicação já vai vencer, pode ser mais interessante usar esse dinheiro em vez de pedir um empréstimo, por exemplo.”
Já para Ariane, quem não está com as contas tão apertadas também deve fazer a lição de casa, poupar o que puder e guardar o dinheiro de forma que ele possa ser resgatado em breve. “Nós próximos dois ou três meses é possível que tudo esteja custando bem mais caro.”
Os dois educadores acreditam que desta crise pode surgir algo bom, apesar das muitas dificuldades. Ariane afirma que as pessoas podem despertar para a necessidade de se programar para adversidades. “Pode haver uma mudança de comportamento muito importante.” Para Tavares, é momento de refletir sobre nossa vida financeira e fazer o possível para adequá-la à realidade. “É importante planejar e traçar objetivos de curto, médio e longo prazos”, diz. “Dessa forma, estaremos mais preparados para enfrentar e vencer problemas como a pandemia que estamos vivendo.”