(Da Redação)
A Petrobras teve prejuízo líquido de R$ 1,246 bilhão no 1º trimestre de 2016, informou a estatal nesta quinta-feira (12). Este é o terceiro trimestre seguido de perdas no balanço da estatal. Nos 3 primeiros meses do ano passado, a empresa registrou lucro líquido de R$ 5,33 bilhões.
Segundo a estatal, as perdas foram resultado, de R$ 9,579 bilhões em gastos com juros cambiais; redução e 7% na produção de petróleo e gás natural; queda de 8% na venda de derivados dentro do país; aumento de custos com depreciação e maiores gastos com ociosidade de equipamentos – principalmente sondas.
Apesar de negativo, o resultado representa uma melhora em comparação aos três meses anteriores, quando a Petrobras teve perdas recordes de R$ 36,9 bilhões. Frente aos primeiros três meses do ano passado, no entanto, houve piora: de janeiro a março daquele ano, a estatal teve lucro líquido de R$ 5,33 bilhão.
As vendas do mercado doméstico também caíram: a redução foi de 8%, para 2,056 milhão de barris diários. As exportações, por sua vez, tiveram aumento de 14%.
Já o endividamento líquido da Petrobras fechou o trimestre em R$ 369,4 bilhões. No final de dezembro do ano passado, estava em R$ 391,9 bilhões.
No primeiro trimestre, a produção de petróleo da Petrobras no Brasil foi de 1,98 milhão bpd, em meio a um “volume expressivo de paradas programadas de produção”, que representaram “aproximadamente 5% da produção”.
Produção e vendas
A Petrobras divulgou uma queda de 7% na produção total de petróleo e gás natural, para 2,616 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A produção de derivados (gasolina, diesel etc.) ficou estável, em 1,958 milhão de barris por dia.
As receitas de vendas da Petrobras tiveram queda de 17% de janeiro a março, de R$ 70,337 bilhões, na comparação com os três meses anteriores.
Influenciadas pela recessão econômica neste início de ano, as vendas do mercado doméstico também caíram: a redução foi de 8%, para 2,056 milhão de barris diários. Houve recuo na receita também de gás natural, com menor demanda pelas usinas térmicas. As exportações, por sua vez, tiveram aumento de 14%.
Cortes e vendas de ativos
Para enfrentar a escalada da dívida, a estatal reduziu os investimentos e anunciou um plano de venda de ativos.
No início de maio, a Petrobras anunciou que concluia negociação para a venda de filiais que mantinha na Argentina e no Chile, em transação que deve levantar cerca de US$ 1,4 bilhão para o caixa da petroleira.
A duas operações fazem parte do programa de desinvestimentos da Petrobras, que prevê vendas de ativos de mais de US$ 14 bilhões em 2016.
A empresa anunciou também uma reestrutuação administratuva, com corte de 43% do número de funções gerenciais em áreas não operacionais e redução do número de diretores e integrantes remunerados do Conselho de Administração. Com essas medidas, a companhia espera reduzir custos de até R$ 1,8 bilhão por ano.
Ações têm alta de 50% no ano
Os papéis da Petrobras subiram forte nos últimos meses em meio às expectativa de mudança de governo, após terem acumulado um tombo de mais de 30% em 2015.
No ano, as ações da Petrobras acumulam alta de cerca de 50%. Com isso, o valor de mercado da companhia passou de R$ 101,3 bilhões, no final de 2015, para 153,5 bilhões no fechamento de quarta-feira (11), segundo dados da Economatica.
Apesar da recuperação, a petroleira continua bem distante da máxima histórica registrada em maio de 2008, quando a atingiu na Bovespa valor de mercado de R$ 510,3 bilhões. Segundo a Economatica, a Petrobras é a empresa que mais perdeu valor de mercado no país no governo Dilma: encolhimento de R$ 226,74 bilhões ou recuo de 59,63%.
Perdas com corrupção
A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril de 2014, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção.
A estatal enfrenta um série de processos nos exterior em razão de perdas bilionárias decorrentes das investigações sobre suborno e propina envolvendo a companhia. Em fevereiro, um juiz dos Estados Unidos abriu caminho para que investidores processem a Petrobras em grupo.
No final de julho, a Petrobras conseguiu recuperar, após determinação da Justiça Federal, R$ 139 milhões desviados pelo ex-gerente da estatal Pedro José Barusco Filho e pelo ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa. Somados aos R$ 157 milhões devolvidos em maio, a petroleira já recuperou R$ 296 milhões.
Desde a primeira das 25 fases já deflagradas pela Lava Jato, já foram recuperados R$ 2,9 bilhões para os cofres públicos, segundo a força-tarefa da investigação.