Publicado por @PriscilaMortensen
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o coronavírus que apareceu na China e começou a se espalhar por outros países poderá constituir uma “emergência de saúde pública de alcance internacional”. Atentos à situação, pesquisadores tentam desvendar a origem do micro-organismo misterioso, responsável pela calamidade asiática. Dois estudos científicos sinalizam que morcegos e cobras podem ter transmitido o vírus para humanos. Como não há consenso sobre os dados, espera-se os resultados de novas investigações.
A situação, portanto, é de pesquisa e alerta. “Não se equivoquem, é uma emergência na China. Mas ainda não é uma emergência sanitária mundial. Pode se tornar”, avisou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS. Ele também pediu às autoridades chinesas que garantam que os bloqueios de transporte em várias cidades sejam estratégicos. “A China tomou medidas que considera apropriadas para frear a propagação do coronavírus em Wuhan e em outras cidades. Esperamos que sejam curtas e eficazes”, disse Ghebreyesus.
O mercado de pescados da cidade de Wuhan, onde acredita-se que o vírus apareceu, oferece uma variedade de fauna exótica à venda, incluindo raposas vivas, crocodilos, filhotes de lobo, salamandras gigantes, cobras, ratos, pavões, porcos-espinhos e carne de camelo, entre outras.
O combate efetivo do coronavírus começou quando um cientista chinês admitiu que o vírus pode ser transmitido de humano para humano, e não apenas de animal para humano. Outra preocupação é sua semelhança genética com o micro-organismo da mesma família responsável pela síndrome respiratória aguda severa (Sars). Segundo Arnaud Fontanet, chefe do Departamento de Epidemiologia do Instituto Pasteur, em Paris, 80% da genética do novo vírus é igual à do micro-organismo que matou cerca de 650 pessoas, na região, entre 2002 e 2003. Na ocasião, os morcegos foram apontados como transmissores dos patógenos para os humanos.
Há casos de pessoas infectadas pelo novo vírus em diversos países. Para conter a disseminação do patógeno, o governo chinês colocou mais uma cidade em quarentena. Além de Wuhan, local apontado como origem do surto, Huanggang está sob controle. A cidade vizinha, a 70 quilômetros de distância, tem 7,5 milhões de moradores.
Agora, nenhum trem ou avião pode, em princípio, deixar Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes situada no centro da China. Todas as mortes ligadas à infecção pelo vírus foram registradas lá ou no entorno. “Os moradores não devem deixar Wuhan sem uma razão específica”, anunciou o organismo responsável pelo combate à epidemia no nível municipal.
Segundo o órgão, a decisão foi tomada para “impedir efetivamente a propagação do vírus”. Com as restrições, os táxis triplicaram os preços. “É muito perigoso sair no momento, mas precisamos de dinheiro”, disse um motorista à Agência France-Presse de notícias. A prefeitura também
impôs o uso de máscara respiratória, que a maioria dos habitantes começou a usar desde o início da semana.
Como medida de prevenção, os controles de temperatura corporal se espalharam por vários aeroportos da Ásia, do Pacífico e também do Reino Unido, da Nigéria e da Itália. Em Dubai, todos os viajantes procedentes da China são submetidos a análises por câmeras térmicas.