Publicado por @PriscilaMortensen
Pessoas têm dormindo cada vez menos. Umas explicam que pela correria do dia a dia, outras falam que pode ser preocupação, ansiedade e tem aquelas que relatam não saber o motivo. De uma maneira ou de outra, o que sabemos é que a falta de um sono de qualidade prejudica a saúde física e mental das pessoas.
Por causa disso, cientistas estão procurando entender melhor o sono para descobrir uma forma de otimizá-lo mesmo quando não dormimos as recomendadas oito horas por noite. Uma das opções exploradas até agora inclui o melhor aproveitamento do período de inconsciência através de dispositivos tecnológicos.
Durante o período de descanso, o sono passa por diversas fases. Uma das mais importantes é a fase R.E.M. (movimento rápido dos olhos, em tradução livre), em que geralmente acontecem os sonhos. Nesse momento, nossos olhos se movimentam de forma muito veloz. No entanto, em alguns momentos, os olhos param de se mover, os sonhos somem e entramos em um estado de inconsciência mais profunda, permitindo que o ritmo das ondas cerebrais se reduzam a uma “batida” por segundo.
Cientistas descobriram, por exemplo, que o sono de ondas lentas é fundamental para a manutenção do cérebro, pois esse período permite que as regiões cerebrais transmitam as memórias do armazenamento de curto ao longo prazo, assim não vamos esquecer o que aprendemos ao longo do dia.
Essa inconsciência profunda também favorece o fluxo sanguíneo e do líquido cefalorraquidiano (substância que circula entre o cérebro e a medula espinhal) pelo cérebro. Ao fazer isso, ocorre liberação de materiais potencialmente prejudiciais que poderiam provocar danos neurais. Outro benefício é a sua atuação para reduzir os níveis de cortisol, conhecido como hormônio do stress, além de ajudar a rejuvenescer o sistema imunológico.
Essas informações ajudaram os pesquisadores a desenvolver aparelhos que potencializam esses períodos de inconsciência. Um experimento, por exemplo, descobriu que estímulos auditivos suaves podem reforçar os ritmos cerebrais necessários. Mas não é qualquer estímulo.
Para esse estudo, a equipe usou um dispositivo – preso à cabeça – que acompanha a atividade cerebral, incluindo o início da produção de ondas lentas. Quando elas começam, o equipamento emite pulsos curtos de som suave em sincronia com as ondas lentas produzidas pelo cérebro. O som pode ser registrado pelo cérebro – de forma inconsciente -, mas não acorda a pessoa. Depois de analisar o desempenho em testes de memória, resultados de exames hormonais e investigações do sistema imunológico, os pesquisadores concluíram que era possível otimizar o sono através desse aparelho.
De acordo com a BBC, algumas empresas já produzem dispositivos semelhantes ao usado na pesquisa. A start-up francesa Dreem, por exemplo disponibiliza no mercado uma faixa de cabeça que usa a estimulação auditiva para ativar o sono de ondas lentas. O produto ainda se conecta a um aplicativo que analisa os padrões de sono e fornece recomendações para melhorá-lo, como a prática meditativa. O equipamento custa cerca de 400 euros.
Além das faixas de cabeça para estímulos sonoros, alguns pesquisadores investigam a eficiência da cama de balanço suave para melhorar o sono. A invenção, baseada no balançar das cadeirinhas de bebê, produz movimento para frente e para trás a cada quatro segundos e também consegue interferir positivamente na fase das ondas lentas. Os voluntários que testaram a cama relataram terem se sentido mais relaxados e testes mostraram benefícios nos processos de memória e aprendizado.
Apesar da relevância das invenções, especialmente em um mundo em que poucos conseguem dormir oito horas por noite, tanto as empresas quanto os cientistas concordam que nada substitui uma boa noite de sono.
Foto: CPAPS