A tenda de atendimento a usuários de drogas na Rua Helvétia, no Centro da capital, não tem tido muita procura. Segundo a Prefeitura de São Paulo, foram 1.159 abordagens, mas apenas 550 pessoas aceitaram atendimento e 26 internações voluntárias desde sexta-feira (26).
Um dependente químico, que não quer se identificar, pediu para ser internado após quatro anos usando crack. “É uma internação com medicação e minha escolha é de querer mesmo, porque tudo vai do querer. Se você não quiser, não tem solução.” Ele foi levado de ambulância para o Hospital Municipal Tide Setubal, na Zona Leste.
Outro usuário, que também não quis ser identificado, conta que foi encaminhado para o Hospital do Campo Limpo, mas que preferiu voltar para as ruas. “Eu resolvi que queria me internar, mas acabei indo para um hospital onde não tem condição nenhuma para um dependente químico. Lá tem mulher grávida, todo mundo junto e misturado. Voltaram cinco ontem e está todo mundo aqui de novo na Princesa Isabel, onde está a Cracolândia de novo.”
A Prefeitura anunciou a criação de um comitê médico, em parceria com o Governo do Estado, para atuar com os dependentes químicos. O psiquiatra Arthur Guerra será um dos responsáveis pelas ações.
“O objetivo é nós termos diversas ferramentas para que a gente possa abordar uma população tão heterogênea quanto dessas pessoas que estão usando crack. Na base, todas usam crack, mas cada um é um. Tem pacientes que têm quadros mais depressivos graves. Tem uns que não tem autoestima, amor próprio, têm outros em situações de vida muito ruins”, explica.
Sobre o dependente que deixou o Hospital Do Campo Limpo alegando falta de estrutura, a Prefeitura disse que a Política Nacional De Saúde Mental prevê a internação em leitos de hospitais gerais, por serem casos de desintoxicação. Informou também que as equipes de rua estão acompanhando este paciente para convencê-lo a tratar a dependência química.