A reestruturação nas linhas de ônibus na cidade de São Paulo, que propõe a redução de 7% no número de véiculos e de 11% na quantidade de linhas ainda gera dúvidas para a população. A mudança, proposta pela prefeitura, prevê a diminuição de 936 ônibus no sistema de transportes do município.
Em entrevista, o atual secretário da pasta, João Octaviano Machado Neto, afirma que a comunicação entre o órgão e população será revista. “Se não estamos conseguindo passar a mensagem que a gente quer precisamos rever e tranquilizar a população”, diz.
Segundo o secretário, haverá um período de transição de 12 meses. “Ninguém vai ficar sem ônibus de um dia para o outro”, diz. “Não haverá nenhuma mudança sem que haja uma discussão prévia com as comunidade em que o novo sistema será implantado.” O período de um ano servirá também, de acordo com ele, para que as empresas vencedoras do processo de licitação se adaptem às transformações. “Não acontecerá nada com a comunidade atingida pela eventual mudança.”
O secretário de Transportes explica que hoje a cidade possui uma série de linhas sobrepostas, ou seja, que veículos realizam trajetos longos e semelhantes. “Isso representa uma perda de eficiência. Vamos retirar os ônibus em excesso e concentrar os passageiros em veículos maiores”, afirma Neto.
Segundo a pasta, os ônibus trafegam hoje pela faixa exclusiva com uma velocidade médica de 20 km por hora. Com a mudança, estima-se que os veículos consigam trafegar a 25 km por hora. “Precisamos retirar a ineficiência dos ônibus sobrepostos.”
Segundo a gestão Doria, quando o projeto teve início, 25% das linhas e frotas sofrerão alterações. O secretário afirma, porém, que esse número é um “termo de referência” para o atual momento. “O tipo de linha é objeto de análise, mas ao longo de quatro anos, outras mudanças serão necessárias.” O secretário afirma ainda que o bairro de Santa Etelvina, na zona leste da cidade, receberá um empreendimento imobiliário que abrigará cerca de 60 mil habitantes. “Vamos ter que prover um sistema de transporte para essas pessoas.
Baldeações e atrasos
Especialistas afirmam que as mudanças propostas pela prefeitura podem aumentar o número de baldeações, que já existirão menos veículos disponíveis nas frotas. O secretário afirma que as alterações podem fazer com que o usuário obrigue o usuário a fazer pelo menos uma ou duas baldeações.
Mas, segundo ele, o edital tem como objetivo melhorar o trajeto entre bairros. “Tem pessoas que saem do bairro e precisam ir a um terminal para pegar ônibus até um bairro vizinho. Não existe um sistema competente entre bairros.” Entretanto, uma das mudanças necessárias às populações de bairros periféricos é a melhora do sistema de transporte entre bairros e regiões centrais da cidade.
Outro problema recorrente é a falta de pontualidade dos ônibus em São Paulo. Passageiros relatam que a espera nos pontos de ônibus varia de 30 minutos a uma hora, em média, dependendo do bairro. O projeto da prefeitura pretende reduzir o tempo de espera dos passageiros com o emprego de tecnologia.
“São mais de 17 pontos eletrônicos demarcados em cada veículo, controle de velocidade, deslocamento, ocupação interna, velocidade, posicionamento, isso vai nos ajudar a aferir essa questão.”
De acordo com o secretário, será montada uma central de controle para monitorar o tempo de atraso dos veículos por meio da integração entre a SPTrans e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). “Se houver um ônibus retido vamos ter mecanismos tecnológicos para acompanhá-lo. Hoje, não consigo prever o tempo de viagem. Essa informação será em tempo real. A articulação da SPtrans com a CET ainda não é tão robusta.”
A estimativa da prefeitura é que o tempo de viagem com as alterações sofra uma redução de 5%. O órgão afirma também que não haverá demissão de motoristas e cobradores, apesar da redução de veículos e linhas. “Não há nenhuma previsão de demissão no edital. A própria dinâmica do sistema vai mudar. Esses profissionais serão absorvidos pelos novos postos. Nos veículos maiores, mesmo sem a figura dos cobradores, a segurança será feita pela camerização e pelo botão de pânico”, diz Neto.
Fonte: R7