Há praticamente cinco anos, Maria Angélica Amarante dos Anjos, desenvolve um trabalho para auxiliar as famílias que tem ou desejam ter filhos por meio da adoção
Texto: Carolina Bozzi
Foto: Arquivo pessoal Angélica
A iniciativa de criar a página “Anjos da Guarda – Serviços de Apoio à Adoção” surgiu após a psicóloga e o esposo, Wilson dos Anjos, se tornarem pais de Jonas – que já estava com oito anos quando chegou ao lar do casal. “Ao final de 2015, percebi que tinha aprendido muito e pensei ‘Porque não alinhar minha experiência de mãe com meu trabalho de psicóloga?”, explica Angélica.
O nome da página “Anjos da Guarda” é decorrente do sobrenome da família “Anjos” e atualmente conta com mais de 3.000 seguidores. “Comecei esse trabalho devido a minha vontade de ajudar os adotantes no processo da adoção porque é um caminho cheio de desafios e questões que as pessoas, mesmo se preparando, precisam de apoio quando os filhos chegam”, afirma a psicóloga.
A opção pela adoção tardia
Desde o inicio, devido ao estilo de vida, o casal pretendia adotar uma criança com mais idade. “Nós queríamos um filho que já viesse andando, falando e que a gente pudesse passear”, relata.
Decididos a adotar, Angélica e Wilson foram à procura do Fórum de São Bernardo para se informarem sobre a documentação necessária para dar início ao processo. “Fizemos os cursos, passamos por entrevistas com psicólogas e assistentes sociais até que o Juiz aprovou nossa entrada para o CNA – Cadastro Nacional de Adoção e o Fórum de Jabaquara nos procurou a respeito do Jonas, que era do perfil da criança que estávamos procurando e fez contato com o abrigo para que fossemos conhece-lo”, conta a psicóloga.
Observando o comportamento do menino, o casal percebeu que já havia uma afinidade com a personalidade dele. “Percebemos que o Jonas era muito esperto, foi um encontro muito especial”, relata Angélica.
Passadas algumas visitas, o Juiz permitiu que Jonas fosse passear com os futuros pais. “Ele nos disse que gostaria de ser adotado por nós e com isso fiquei muito emocionada”, conta a psicóloga.
“Desde o primeiro passeio eu já sabia que estava chegando a minha vez de ser adotado, eu ganhei na loteria!”, destaca Jonas, que adora cantar e interpretar.
De acordo com Angélica, existe cerca de 150 grupos de apoio a adoção presenciais espalhados pelo Brasil, sendo a grande maioria no estado de São Paulo e gerenciados pela ANGAAD – Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção, que utiliza a força do movimento para propor ao Poder Público melhorias no sistema de adoção. Porém, este é um número considerado pequeno pela proporção do nosso país, visto que, segundo pesquisas do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, existem cerca de 40 mil crianças em abrigos brasileiros, sendo que dentro deste número, 9 mil podem ser adotadas.
Segundo Angélica, esse grande número de crianças e jovens abrigados é devido ao fato de que muitos casais têm medo e preconceito com relação à adoção, principalmente para acolherem uma criança acima de 7 anos e por conta disso, acabam optando pelos métodos da medicina reprodutiva. “No caminho da adoção você entende que é seu filho e não importa a maneira como ele chegou”, ressalta a psicóloga.
O projeto Anjos da Guarda
Antes de criar a página, Angélica relata que participava de alguns grupos virtuais e presenciais de apoio a esta causa. “Comecei a olhar o que eles falavam, quais eram as duvidas, as discussões e ai sempre dava uma opinião”, explica.
Além da página – onde os pais de todo o Brasil podem esclarecer duvidas e trocar experiências – , Angélica realiza palestras, publica textos e dá orientações para todo o público que deseja saber mais sobre o assunto e refletirem sobre o papel de serem pais. “Eu quero ajudar os adotantes para que as crianças e jovens que estão nos abrigos tenham a oportunidade de terem uma família”, afirma a psicóloga.
No ano passado, Maria Angélica participou do Edital ProAc – um programa de incentivo à cultura promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Angélica se inscreveu na categoria Prosa, com uma coletânea de textos autorais. Como resultado, foi uma das sete premiadas entre os 158 participantes. O prêmio possibilitou a edição de seu primeiro livro, que será lançado no dia 15 de Junho. “O titulo do livro é impactante e pretende despertar a curiosidade das pessoas, chama-se: Fui adotada aos 56 anos – Uma história real de adoção tardia”, revela.
A obra conta com o prefácio de Suzana Schettini, que além de ser ex-presidente da ANGAAD, é considerada uma das pessoas mais influentes no mundo da adoção no Brasil.
Lançamento do Livro
O evento de lançamento do livro será no dia 15/06 às 11h e contará com a presença de diversas personalidades do universo da adoção.
Local: Chácara Silvestre
Endereço: Av. Wallace Simonsen, 1.800 – Nova Petrópolis – São Bernardo do Campo
Abaixo a capa e contra capa do livro: