Publicado por @PriscilaMortensen
Há poucos dias, o produto Getaday, que foi anunciado para as semanas de excessos do fim do ano, oferece um dia seguinte melhor por seis euros (28 reais) a garrafa de 100 mililitros. Seu componente crucial, segundo divulga a empresa responsável pelo produto, em comunicado, é a acetilcisteína.
Como produtos similares, pode ter uma parte de placebo e um certo efeito biológico por meio de antioxidantes e vitaminas como a B6, além da hidratação. No caso do Getaday, segundo destacam, sua molécula mais eficaz é a acetilcisteína, que pode ajudar o organismo a mitigar os efeitos do acetaldeído, uma substância tóxica gerada pelo fígado ao metabolizar o álcool – a principal responsável pela ressaca. Rafael de la Torre Fornell, diretor do programa de pesquisa em neurociência do IMIM-Hospital del Mar Medical Research Institute, considera que este produto “pode funcionar pela ação da acetilcisteína, um composto que usamos para muitas coisas, desde a redução do muco ao tratamento de intoxicações agudas do fígado”. “O que é um pouco uma piada é que seja vendido como algo novo e específico para isso, porque é um produto conhecido, muito barato e que pode ser comprado em qualquer farmácia”, acrescenta.
Um projeto muito mais ambicioso do que o de descobrir uma poção antirressaca é o liderado por David Nutt, pesquisador do Imperial College London (Reino Unido), famoso por enfatizar os perigos do álcool em comparação com outras drogas ilegais. Há cinco anos, uma equipe de cientistas liderada por ele está tentando desenvolver um produto que cause a euforia ou desinibição gerada pelo álcool sem os danos subsequentes.
O princípio do produto, chamado Alcarelle, se baseia na ideia de que o álcool estimula os receptores de GABA, um sistema de comunicação do sistema nervoso que regula um grande número de funções. Embora existam diferentes tipos desses receptores, Nutt afirma ter encontrado quais são preciso estimular para induzir à embriaguez sem gerar o acetaldeído, a ressaca e os danos ao corpo. Além de resolver os próprios problemas técnicos para demonstrar que sua beberagem faz o que promete – por enquanto, poucas pessoas o testaram. Nutt e sua equipe terão que superar o processo para aprovar sua chegada ao mercado, algo que, segundo os responsáveis pela empresa, levará vários anos.
Foto: Divulgação