Duzentos e cinquenta atletas de 29 países disputam até o próximo sábado, 31, a quinta edição do Mundial de Natação para Surdos, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Os surdos não integram o movimento paralímpico, mas um acordo entre a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS) e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) permitiu que a estrutura fosse utilizada durante esta semana, quando a maior parte dos atletas paralímpicos de alto rendimento do Brasil estão em Lima, disputando os Jogos Parapan Americanos.
Logo no primeiro dia de disputas, Guilherme Kabbach, de Santos, conquistou a medalha de prata nos 200 metros estilo livre. Ele comemorou o feito e ressaltou que competir em casa é mais difícil. “Eu me sinto muito emocionado, muito nervoso. A pressão é maior, eu tenho a minha família, meus amigos”, disse Guilherme. A entrevista foi realizada em libras, com o apoio de voluntários que atuam na competição. A equipe de apoio, por sinal, é um dos grandes desafios da realização de um evento entre surdos. É preciso tradutores de língua brasileira de sinais, mas também tradutores de sinais universais, já que a linguagem de sinais também varia.
Para Anderson Santana Júnior, diretor da CBDS, a realização do Mundial no Brasil é uma maneira de divulgar mais o esporte para deficientes auditivos. “A gente quer mostrar para a sociedade que o esporte do surdo existe e mostrar para o mundo que o Brasil está procurando o lugar dele no esporte de surdos”, pontua.
A delegação brasileira no Mundial deste ano é formada por seis atletas, sendo apenas uma mulher, a brasiliense Pammelleye Machado. “Vamos mostrar que aqui no Brasil também existe a oportunidade para outras mulheres e eu sirvo como um modelo para outras surdas.”
Os estrangeiros também valorizam o torneio. O russo Andrei Zhivaev conquistou o ouro na prova dos 200 metros livre e comemorou. “São diferentes culturas, diferentes países. A Rússia é um país com uma cultura tão diferente, a gente se sente emocionado de estar aqui disputando esse mundial.”
Largada é o principal diferencial
A natação para surdos tem apenas uma diferença para a dos ouvintes: ao lado do bloco de saída, há um equipamento luminoso que indica aos atletas o momento da largada. O aparelho sempre é colocado ao lado esquerdo dos atletas e acende uma luz verde no momento da largada. Na cerimônia de premiação há o hasteamento de bandeiras, mas não há execução sonora dos hinos.
As provas estão sendo transmitidas ao vivo no Facebook da CBDS e podem ser assistidas no link https://www.facebook.com/cbdsbrasil/.
Fonte: Agência Brasil
Foto: FOTO: VALDIR ROCHA